Uma doença que atravessou milhares de anos e que hoje ainda sofre com a sombra da ignorância. A hanseníase é uma doença causada por bactérias, caracterizada pelo aparecimento de manchas brancas ou avermelhadas e perda de sensibilidade. Para conscientizar sobre a prevenção, o combate à doença e ao preconceito, o Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara Municipal do Rio, está iluminado na cor roxa, junto com pontos como os Arcos da Lapa e o Monumento Estácio de Sá.
A campanha "Não esqueça a Hanseníase" é realizada pela Prefeitura do Rio em parceria com o Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), a Associação Nacional do Peritos Criminais Federais (APCF), a Sociedade Brasileira de Dermatologia e a Fundação Sasakawa pela Saúde.
Presidente em exercício da Câmara, a vereadora Tânia Bastos (Rep) destaca o engajamento da Casa na campanha. "Existe muito preconceito, e nós da Câmara Municipal estamos sempre engajados nessas lutas, no combate e também na prevenção das questões que afetam a população. Os poderes Legislativo, Executivo e a sociedade civil estão juntos trabalhando no combate a essa doença, que vem afetando várias famílias."
Secretária municipal de Assisência Social, a vereadora licenciada Laura Carneiro lembra a importância de retomar campanhas como essa em meio à pandemia de Covid-19. "Em 2020, talvez por conta da pandemia, a gente teve uma subnotificação muito grande, e aos poucos a gente tem que reavivar a memória das pessoas", pontua.
Secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz explicou que a hanseníase é uma doença transmissível infecciosa e curável, que provoca lesões na pele e afeta os nervos periféricos. A enfermidade pode acometer pessoas de ambos os sexos em qualquer faixa etária e, se não for tratada a tempo, pode levar a incapacidades físicas. O diagnóstico é realizado por meio de avaliação médica em todas as unidades de atenção primária do município do Rio de Janeiro. O doente não necessita de isolamento e pode – e deve – seguir com a sua vida normal, enquanto faz seu tratamento com medicação e acompanhamento de saúde nas unidades do SUS.
Em 2020, por causa da pandemia, mais de 45% de casos novos deixaram de ser diagnosticados, incluindo um percentual elevado de crianças, e essas subnotificações preocupam os especialistas. O Brasil é endêmico, diagnosticando cerca de 30 mil casos por ano, sendo o segundo país do mundo em registros de casos, só suplantado pela Índia. A maior incidência da doença é em áreas com menor índice de desenvolvimento humano (IDH). Além disso, entre os mais de 300 mil casos novos detectados no Brasil em dez anos (2010-19), quase 10% foram no grau mais incapacitante da doença, que provoca sequelas físicas irreversíveis. E 5,5% dos casos em crianças e adolescentes menores de 15 anos.