Segundo gestores, dificuldade na contratação de profissionais é o principal entrave
Em audiência pública conjunta realizada nesta sexta-feira (16), as comissões de Saúde da Câmara do Rio e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) debateram a ampliação de leitos para o tratamento da Covi-19 e a falta de funcionários na rede de saúde. Conduzida pelo vereador Paulo Pinheiro (PSOL) e pela deputada estadual Martha Rocha (PDT), presidentes das comissões de Saúde nas Casas Legislativas, a reunião contou com a presença do superintendente estadual do Ministério da Saúde, George Divério, e dos secretários de Saúde do estado e do município,Carlos Alberto Chaves e Daniel Soranz.
O vereador Paulo Pinheiro afirmou que, de acordo com dados do Censo Hospitalar, existem hoje 773 leitos fechados em nove hospitais federais do Rio de Janeiro. Deste total, 60% estão fechados por falta de funcionários. Citando algumas das unidades, Pinheiro indicou que 142 leitos estão fechados no Hospital Federal dos Servidores do Estado; 109, no Hospital Federal da Lagoa; e 59 no Hospital Federal de Ipanema.
"A situação é grave na cidade do Rio de Janeiro. Temos pouca testagem, falta de leitos. Se fosse um país, a cidade estaria no ranking das maiores taxas de mortalidade do mundo", alertou Pinheiro.
Já Martha Rocha ressaltou que houve um descumprimento da portaria ministerial que autorizou, em maio do ano passado, a contratação de mais de 5 mil trabalhadores para o atendimento temporário. "Outras estratégias poderiam ter sido utilizadas pela pasta para a ampliação do número de servidores no combate à Covid-19", afirmou.
Dificuldade de contratação
Superintendente estadual do Ministério da Saúde, George Divério disse que o órgão trabalham para efetivar a contratação de 4.117 profissionais, iniciada em dezembro do ano passado, mas que há dificuldade para preencher as vagas. Segundo ele, 400 postos de trabalho ainda estão abertos. “Há muita dificuldade em contratar profissionais temporários. Muitos que se apresentam não querem trabalhar diretamente com a covid. Outros profissionais em exercício não cumprem o horário de trabalho de maneira correta”, declarou Divério.
Divério afirmou que hoje estão disponíveis na rede federal 292 leitos para o combate à Covid-19, e que empresários da iniciativa privada deram apoio para mais 50 leitos, sendo 30 de enfermaria e 20 de UTI, que estarão em operação na segunda-feira (19) no Hospital da Lagoa.
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, disse que houve crescimento no número de médicos na rede, chegando a 3 mil no momento. Mas reafirmou que o desafio para a abertura de leitos ainda é a alocação de profissionais.
"O município do Rio não tem problema de estrutura de leitos, o que falta é ter recursos humanos. Viemos de uma gestão que demitiu seis mil profissionais, e estamos trabalhando nesta recomposição", afirmou.
Segundo o secretário Estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, houve um crescimento de 102% de leitos no estado do Rio de Janeiro desde novembro do ano passado, e apenas em março deste ano foram disponibilizados mais 280. Já Daniel Soranz revelou que há 69 pessoas aguardando leitos no município do Rio de Janeiro, com 1.408 pacientes internados e uma taxa de ocupação de 72%. Somente no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, a taxa de ocupação é de 85%, com 420 leitos e 356 pacientes.
Soranz ainda apresentou dados da vacinação na cidade do Rio de Janeiro. Hoje, são 1.183.704 pessoas vacinadas na cidade do Rio com a primeira dose, o que corresponde a 17,5% da população carioca. "Até o fim de abril, serão vacinados todos os idosos com mais de 60 anos, e os próximos serão pessoas com comorbidade e deficiência e profissionais das áreas da Educação e da Segurança", garantiu.
Participaram ainda da audiência pública os vereadores Dr. Rogério Amorim (PSL), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Prof. Célio Lupparelli (DEM), Lindbergh Farias (PT) e Reimont (PT), os deputados Rubens Bomtempo (PSB), Enfermeira Rejane (PCdoB), Waldeck Carneiro (PT) e Flavio Serafini (PSOL), além de representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, dos conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Saúde, e das associações e sindicatos dos profissionais da Saúde.