A Comissão Especial de Combate ao Racismo da Câmara do Rio, se reuniu, na manhã desta sexta-feira (18), com diversos nomes do charme e do funk. Conduzido pela presidente da Comissão, a vereadora Monica Cunha (PSOL), o debate teve o intuito de tratar sobre a contribuição dos estilos para a cultura carioca e dos preconceitos vividos ao longo dos anos por quem está inserido nesse universo.
Contando com dois momentos dedicados à memória da funkeira Mc Katia, falecida no último domingo (13), e da Mãe Bernardete, líder quilombola assassinada ontem, na Bahia, o debate tratou da influência desses dois ritmos na cultura popular carioca e revelou a criminalização e racismo sofridos por quem vive destes gêneros.
Ao falar sobre racismo, Monica Cunha recordou sua chegada ao Legislativo. “Demorei até a me acostumar a falar em público aqui. Quando cheguei, eu me tremia toda na hora de discursar. Me via rodeada de brancos, atentos a qualquer erro. Isso é o que o racismo faz com a gente, jovens negros e periféricos ocupando espaços públicos. Somos minoria, e o costume é servirmos, não termos o poder”, revelou a vereadora.
Destacando a importância que estes estilos musicais têm, sobretudo para os jovens das periferias do Rio de Janeiro, artistas, produtores culturais, idealizadores de bailes e influenciadores apresentaram algumas alternativas para valorizar o charme e o funk.
Para o produtor cultural do chame, Dom Filó, esses dois estilos foram um pontapé para dar voz aos oprimidos, e precisam de um memorial para resgatar toda a trajetória de seus artistas ao longo dos anos. “O funk e o charme vieram da Black Music, encontrando jovens periféricos e combatendo aquilo que nos fora imposto, como o racismo e a violência. Hoje precisamos de um observatório voltado para esse movimento, com dados sólidos que nos permita um bom diálogo entre o governo e o povo”, defendeu.
O produtor Antonio Consciência acredita que a melhor maneira de combater o racismo é por meio de maior visibilidade para as expressões culturais pretas. “E a forma mais possível de termos isso é com políticas públicas voltadas para a gente. As pessoas precisam entender o passado do movimento Black. Engana-se quem pensa que ele é apenas entretenimento. É cultura” complementa.
Representando o funk, a Mc Carol Félix, do movimento do passinho, conta que o funk aconteceu na sua vida como única opção para fugir da violência e do mundo das drogas. “Quando entendi que funk não é só um movimento, é revolução, entendi que minha vida e minha luta é o funk. As ações sociais que chegaram nas favelas me permitiram entender que podia mudar minha vida”, contou a Mc.
O vereador Edson Santos (PT), membro da Comissão, também esteve presente ao debate.