O samba marcou presença no Salão Nobre da Câmara do Rio na manhã desta terça-feira (8), como tema da primeira roda de conversas organizada pela Comissão de Cultura da Casa para o segundo dia da Semana das Culturas Populares. Já na parte da tarde, o público pôde participar da discussão sobre os saberes tradicionais como o uso de plantas medicinais e o conhecimento sobre os territórios da cidade. Fechando o cronograma do dia, o terceiro evento, no início da noite, teve como pauta a salvaguarda da capoeira.
O primeiro encontro, que contou com os pesquisadores Marília Trindade Barboza e Luís Filipe de Lima e com o sambista Marquinho de Oswaldo Cruz, abordou o aspecto histórico e cultural do samba, nascido na capital fluminense. Para o presidente do colegiado, o vereador Edson Santos (PT), não é possível falar da cultura da cidade sem esbarrar no gênero musical. “Uma semana de cultura que não tenha o samba como um dos elementos fundamentais não é uma semana de cultura carioca. Se você quiser conhecer o que foi e é o Rio de Janeiro, basta ouvir samba. Ele é a crônica da cidade”, declarou.
O pesquisador Luís Filipe de Lima ressaltou a importância do encontro, e aproveitou para expressar o seu carinho pelo estilo. “É muito importante poder falar sobre o samba na Casa que representa o povo carioca. Ele é um dos pilares que define a nossa identidade cultural. E precisamos cuidar do samba, porque ele cuida da gente”, disse.
Durante a conversa, a jornalista e pesquisadora Marília Trindade Barboza apontou que hoje o samba possui reconhecimento no país, mas costumava sofrer com a marginalização até há algumas décadas. “Lembro o quanto ele era discriminalizado quando eu era mais nova, por ser ‘coisa de comunidade’. Ela complementou, afirmando a origem desse preconceito: “Por baixo desse tipo de problema há o racismo estrutural, mas a raiz está na educação eurocêntrica nas escolas”.
Organizador das Feiras das Yabás, Marquinho de Oswaldo Cruz relembrou o aspecto histórico da cidade, que recebeu milhões de escravizados no período da chegada dos portugueses, 1500, até a abolição da escravidão, em 1888, contribuindo indiretamente para a diversidade cultural presente em estilos como samba. “O Rio foi a cidade que mais recebeu negros e escravizados, vindos de vários lugares diferentes. Essa pluralidade se aplicou em cada comunidade ao longo da história, de forma única. É essa diversidade que dá riqueza ao samba”.
O encontro contou ainda com a presença de Olinda Diniz, viúva do Mestre Monarco, representando o baluarte mais antigo da Portela.